por Walda Marques
Com muito talento, inteligência na escolha no repertório e, sobretudo, uma bela voz, Ana Clara Matos é uma das grandes revelações da Música Pop Paraense. Conheça mais sobre ela nessa entrevista exclusiva. Ela está, atualmente, fazendo uma temporada na Taberna São Jorge, que fica na rua Félix Roque, 268 - entre Travessa Tomazia Perdigão e Travessa Doutor Malcher, Cidade Velha; todas às quintas de janeiro, a partir das 22h.
CONTATOS: anaclaramatos@gmail.com
Quando você começou a se interessar por música? E a cantar?
O interesse por música vem desde cedo. Sempre se ouviu muita música na minha casa, da MPB à erudita, e, além disso, o meu pai, Emanuel Matos, é compositor, então, sempre foi algo muito presente pra mim. Desde a infância convivo com esse clima de composição, de gente tocando em casa.
Quando eu tinha uns seis anos, ingressei na Escola de Música da UFPA (então, SAM). Meu instrumento era piano. Não cheguei a concluir os estudos formais, mas segui por um tempo com aulas particulares. Depois cheguei a estudar um pouco de violão, com o José Maria Bezerra, que aliás é parceiro do meu pai em várias canções, inclusive em "Sair no Abraço", faixa que eu gravei para o disco Dizeres ( http://www.overmundo.com.br/banco/sair-no-abraco).
Sempre fui muito tímida e nunca imaginei que um dia fosse cantar. Acabou sendo algo natural, porque é uma coisa de que sempre gostei. Então, aos 17 anos comecei a cantar com amigos, em banda de rock, e depois começaram a surgir outros projetos.
Quais e quem são as tuas principais influências?
Como eu te disse, em casa sempre se ouviu de tudo. Então, desde criança eu escutava muita música paraense, brasileira (de Chico a Mutantes), também Beatles, jazz, música latina, música erudita, enfim. Na medida em que fui crescendo, além dessas referências, fui me interessando pelo que era contemporâneo a mim – aí, claro, teve aquela fase em que se gosta de coisas inacreditáveis (risos) – e também cheguei ao rock.
É difícil listar exatamente o que me influencia. Eu gosto muito de fuçar, de descobrir artistas, novos ou antigos. Escuto muita coisa diferente, tenho fases de estar mais ligada a um estilo ou outro, então, não tem muita regra. É tudo isso misturado.
O que você poderia destacar da música independente do Brasil? E do Pará?
Em termos nacionais, gosto muito do exemplo do Móveis Coloniais de Acaju (DF). Como eu também venho do rádio e da produção, além da leitura sobre a sonoridade – que eu acho muito bacana –, acho que se destaca neles o posicionamento no cenário, esse lance de correr atrás do que está para além da música, uma consciência que talvez falte a alguns artistas daqui. Gosto de muita coisa que está rolando atualmente, mas se for fazer lista, vai ficar enorme, então, deixo só esse exemplo, que acho que é muito pertinente no cenário atual (a já velha história da mudança do mercado musical e por aí vai).
Aqui no Pará, acho que tem muita coisa boa, também fica difícil listar, mas tentemos: penso que sempre vale a pena citar o Delinqüentes, que é uma força, um grande exemplo pra qualquer banda, de qualquer estilo, que esteja começando; acho muito importante, ainda, o exemplo do Madame Saatan, que mostra que é necessário trabalhar bastante e se organizar se o interesse for cruzar os limites do estado; pra citar produções recentes que me chamaram a atenção, tem os discos do Destruidores de Tóquio e do Arthur Nogueira e o EP do Ataque Fantasma, os três muito competentes, que, penso, merecem ir longe; além disso, acredito muito nos meninos do Sincera e estou aguardando os discos do Stereoscope e do Aeroplano, que acho que está numa fase bem legal.
Quais são os teus próximos projetos musicais?
Bom, estou em temporada na Taberna São Jorge (quintas de janeiro, às 22h) com o Felipe Cordeiro, que eu admiro muito. É uma parceria que já queríamos realizar faz tempo e a idéia é amadurecer essa interação no formato de voz e violão para depois partir para a produção de um show de maiores proporções, com banda. Também tenho conversado com o Pio Lobato, para darmos continuidade a um projeto que surgiu no ano passado. Outro plano é ir gravando algumas coisas aos poucos, ir armazenando esses registros, gravar coisas minhas também, o que ainda não fiz.
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