sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Caldeirão Cultural com Cordel e Arraial do Pavulagem
Misturando música, poesia e teatro, a banda pernambucana expõe o mais novo elo dessa rica cadeia cultural. Mesmo vindos de uma terra de misturas, à primeira vista, dá até a impressão de que eles passaram da medida. Além do seu arsenal percussivo e referencias folclóricas mil, Cordel junta rock com maracatu, embolada, frevo, samba e ciranda, originando um híbrido impossível de classificar, mas muito bom de ouvir.
A banda retorna a Belém para fazer parte do Cortejo da Diversidade Cultural Amazônica, extravagante maratona das artes que irá tomar as ruas do Centro Histórico de Belém hoje à noite, marcando o encerramento da Conferência Internacional de Educação de Adultos da Unesco.
Cordão de pássaros, escolas de samba, grupos de carimbó, tambores de minas, boi-bumbas, percurssionistas, quadrilhas juninas, retumbão da marujada. Bem-vindo ao Cortejo da Diversidade Cultural Amazônica, a arte paraense com esteroides. O evento, organizado pela Secretaria de Estado de Governo (Segov) para encerrar a programação da Conferência Internacional para Educação de Jovens Adultos promete ser um “intensivão” cultural.
Primeiro pelo número de atrações, serão dezenas de grupos folclóricos, religiosos e artísticos, dos mais variados estilos e gêneros. Ao todo, serão 1.200 artistas, num cortejo que segue por todo centro histórico de Belém. De acordo com a organização do evento, são esperadas cerca de 15 mil pessoas durante o cortejo. “Esse será o momento de interação do Congresso com a população da cidade. Como foi um congresso fechado ao público, achamos justos oferecer a Belém, com seu posto de cidade anfitriã, uma demonstração de afeto, promovendo uma grande comunhão da cultura popular amazônica”, diz Walter Figueiredo, coordenador do evento.
A maratona das artes começa às 18h com a execução do hino nacional por Liliane Xipaia, acompanhada pelos músicos Cizinho (violão) e Diego Xavier (bandolim), em frente ao Museu do Estado na Cidade Velha, local da concentração e da primeira “estação” do cortejo. A apresentação de Liliane é seguida no palco pelo Trio Manari e outros grupos de batuque. Na segunda estação, na praça Dom Pedro II, o público será recebido pela apresentação de tambores de mina e outros cultos afro-brasileiros.
Na terceira estação, no arco do castelo, haverá uma pajelança executada por índios da etnia Tembé. Logo depois, será a vez da marujada de São Benedito, grupos de carimbó, um repeteco do Manari e o cortejo continua em direção ao pier das 11 janelas para a quarta e última estação. No palco principal, será a vez do Arraial do Pavulagem, que aquece com o Batalhão de Estrelas o público para os pernambucanos do Cordel do Fogo Encantado.
SHOW
O grupo foi formado em 1997, em Arcoverde, cidadezinha do sertão nordestino, por Lirinha, nos vocais; Clayton Barros, na guitarra; Emerson Calado, na percussão. O embrião do Cordel apareceu como um espetáculo teatral que fundia narrativa, cenários, tradições do folclore nordestino. Em Recife, somou-se à banda os percussionistas Nego Henrique e Rafa Almeida. Mas foi só em 1999, que o Cordel como conhecemos hoje despontou durante uma apresentação no Festival Rec-Beat, uma das grandes vitrines para novos talentos no cenário alternativo de Recife.
Apesar de não serem contemporâneos, sua profunda conexão com as raízes da cultura nordestina caiu como uma luva no ethos do movimento Mangue Beat, e o Cordel foi assim assimilado pelo balaio do mangue.
De sensação local, pouco a pouco, a banda de pop-rock de postura pouco ortodoxa e apelo ainda mais exótico do que seus pares mangue boys cruzou fronteiras e conquistou público e crítica. E acredite, o negócio beira quase adoração. O Cordel do Fogo Encantado é dotado de uma base de fãs ávidos mesmo sem o grande apelo da mídia.
Vários são os motivos da popularidade do Cordel no circuito independente. Um deles é a forma consistente que a carreira da banda evoluiu ao longo desses 10 anos; outra pode ser a conexão afetiva do público com as letras e músicas impregnadas de regionalismo e, às vezes, um tanto que pretensa a arte e poesia do grupo.
Só no palco dá para entender de fato o apelo da banda. Perder um show do cordel é perder um dos shows menos convencionais que você terá a chance de presenciar. (Leonardo Fernades/Diário do Pará)
CORTEJO
Hoje, nas ruas do Centro Histórico de Belém
Horários:
17h - Concentração
18h - Hino Nacional - Interpretação de Liliane Xipaia, com acompanhamento dos músicos Cizinho (violão) e Diego Xavier (bandolim)
19h - Início do cortejo
19h30- Shows musicais:
- Grupo de Carimbo Sancari
Trio Manari
- Grupo Musical Arraial do Pavulagem
- Cordel do Fogo Encantado
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