sábado, 24 de abril de 2010

ENTREVISTA ESPECIAL - RATO BOY DA CURUZÚ


Ruy Montalvão, mais conhecido nas quebradas como Rato Boy; e agora e definitivamente o Ratoboy da Curuzú está com o projeto musical novo e cheio de peculiaridades. Mas antes disso, a ficha corrida dele já demonstra muita experiência nesse universo musical. Já fez parte de bandas clássicas da década de 90 em Belém, como as Nico Demo e Mangabezzo; e há um bom tempo é um dos MCs do Coletivo Rádio Cipó.

Dessa vez, ele está com uma nova parceria, o DJ e MC Pro.Efx (
www.myspace.com/pro.efx ). Ficou a fim de conhecer o que o Ratoboy está aprontando agora? Então, é só pirar www.myspace.com/ratoboydacuruzu

Conte sobre a tua trajetória no mundo da música: as primeiras experiências, influências, etc.
Cara eu sempre fui do underground e desde moleque com 10 anos já ouvia Camisa de Vênus, Iron Maiden, Garotos Podres aquelas coisas da época, mas foi a partir do meu envolvimento com o skate que me aproximei realmente da música. Comecei a ouvir Toy Dolls, D.R.I, Circle Jerks, Dead Kennedys, Run DMC, Public Enemy, Suicidal Tendencies, Grinders, Kães Vadios. Além de bandas de metal como Slayer e Sepultura, por exemplo.

Mas lembro como se fosse hoje quando adquiri meu primeiro disco. O ano era 1987, pense num cara "barroco", (rsrsr). No dia 17 de agosto, desse ano eu fazia 11 anos, então minha madrinha na época disse que eu podia escolher meu presente, então como ela morava na Campina e eu vivia lá enchendo o saco fomos na antiga Mesbla, (rsrsrsrsrs). Chegando lá eu rodei toda sessão de brinquedos e roupas, mas nada me agradava, de repente me surge a sessão de discos e fitas e de longe eu bati o olho no Cabeça Dinossauro, do Titãs em vinil. "Pronto! achei meu presente"..contrariando minha tia e meus primos que me acompanhavam, (rsrsrsrs)
A minha primeira experiência com com música só rolou quase 10 anos depois, com a galera do ˜"Nico demo" que fazia um hardcore melódico em inglês e era liderada pelo Wilker e pelo Rodrigo Jamant. Cheguei a fazer guitarra base e um único show com os caras em cima da miniramp do Ná Figueredo (N.do.editor: o Ná é o grande empresário e produtor cultural da música paraense), depois dessa apresentação, que segundo Jamanta, teria sido a melhor do grupo, o Wilker resolveu me limar, (ahahahahah).

Depois dessa primeira experiência, surgiu em 98, a proposta de cantar no Mangabezzo, que era uma banda hardcore com batucada, salsa, frevo, aquela porra toda. Por volta de 2000 a banda acabou e todo mundo foi para suas casas, neste interim, o Carlinhos (baterista do Mangabezzo e atual do Coletivo Rádio Cipó) já fazia seus primeiros experimentos no que hoje conhecemos como Coletivo Rádio Cipó.

Em relação ao Coletivo Rádio Cipó. Quais são as novidades?
O CRC agora virou ponto de cultura e tem vários projetos nesta área, O Carlinhos tá morando agora na rua Acampamento (no bairro da Pedreira) e já realiza oficinas por lá por enquanto de percussão, mas que vai se estender para mídias digitais, softwares livres, áudio e video. Ele tá montando um estúdio também, mas continuamos com nossas produções, deve sair ainda este ano o acervo Mestre Laurentino 80 anos de vida, um projeto que inclui livro, dvd e cd com a obra do velho, além de um novo material nosso, já temos vários hits..vamos deixar um pouco os políticos de lado e atacar mais no groove e no amor, (rsrsrs)
mas as denúncias vão continuar de forma mais sútil, e para bom entendedor, meias palavras bastam. (aahahaha)
Já tenho umas faixas minhas gravadas com o grupo..uma viagem interessante explorando outras possibilidades vocais do Rato Boy.


Como surgiu a ideia do projeto Rato Boy da Curuzú?
É o que eu sempre digo para os meus amigos, quando atingimos um certo grau de maturidade e visão da vida, as coisas vão mudando, eu devo muito ao Coletivo musicalmente e principalmente ao Carlinhos que sempre me incentivou na música e a não parar de compor. Os lugares que conheci Goiânia, Rio Branco, Brasília, Londres Paris e outros que já conhecia e voltei novamente eu devo tudo isso ao Coletivo, não me resta dúvida e sempre vou fazer parte desta família. Mas um belo dia eu tive um "ïnsight" com meu apelido "Rato Boy", então pensei: "Égua! todo mundo gosta desse apelido, vou fazer alguma onda com esse apelido, até porque já estão surgindo outros caras com a alcunha de Rato Boy, inclusive bandidos, (rsrssrs). Mas eu fui o primeiro, até porque eu que me auto-intitulei de Rato Boy, isso, já é outra história para outra conversa, (rsrsrsrs).
Então o Rafael Guedes, que é jornalista, começou uma parada com o Technobrega mas com um lance mais underground e me chamou para umas gravinas, fizemos algumas lá em casa e depois na casa dele, o Rafa é meu vizinho de bairro ele e o Pro-Efx que também fez parte deste processo. De cara, aquela coisa informal, já virou faixa de um Cd promocinal lançado pelo selo Red Bull Academy Music, dai eu pensei porra, eu já tenho uma identidade, uma referência, vou fazer minha onda. Agora tô por aí gravando, compondo, fechando parcerias, criei meu myspace
www.myspace.com/ratoboydacuruzu , com ajuda do Canastra, um moleque que tá dando maior apoio para as bandas daqui utilizando essa ferramenta, o cara é um puta webdesigner e quer ver a cena crescer.

Qual é a tua opinião sobre o que está acontecendo na música mundial, nacional e paraense?
A música mundial tá passando por uma grande revolução, porque ainda não tem grandes ícones, devido o fenômeno internet, por exemplo: nos anos anos 60, 70, 80, 90 você tinha aquela canção aquela banda, aquele movimento e tal, que marcava a década, o período, já nos anos 2000, você não tem uma referência nesse sentido, talvez em virtude da velocidade das informações com o advento da internet e da facilidade de acesso a softwares de gravação, notebooks, gadgets e tal. Hoje você não precisa de uma gravadora, selo ou produtora para lançar seu material, não temos mais "filtro". Aquele abismo que existia entre uma banda inciante e uma compilação, hoje já era. Hoje você tem caras como o Curumim fazendo um som de qualidade e rodando o mundo com total autonomia, batendo no peito e mostrando uma música brasileira interessante, você tem a revolução periférica com um molequinho lá do jurunas com um pc que ele tirou de 10 vezes na yamada fazendo hits no cenário technobrega e por aí vai..você tem caras como Dj cremoso, com uma parada totalmente inusitada, tem a galera da Filial do Rio fazendo um hip hop menos panfletário e mais musical, estamos vivendo uma parada inédita na história, o meu filho Davi curte o Wado um maluco lá de Alagoas, daí eu me pergunto como pode..o tempo é implacável, não brinque com o tempo, porque ele passa e como sempre diz mestre Laurentino:
"Depois que o tempo passa a gente fica a ver navios e aviões passar por cima" (ahahahahaha!!!!!)

Quais são os teus próximos projetos?
Quero muito minha estabilidade econômica para ter mais tempo e liberdade para atacar em meus projetos musicais e pessoais, depois quero viver só de música e sair pelo planeta mostrando o que se produz nesta faixa do equador, quero agregar, unir, persistir, interagir para poder fluir por aí.. "Eu sou madeira de lei que cupim não roe, é o batidão tropical que chegou para escangalhar, uma levada paid'égua que faz o povo pirar, moleca doida na pista origial do Pará"

Tô nessa vibe aí..

Esse é o próximo passo, às vezes temos que descer dois, três degraus para depois pular uma escadaria inteira de "Ollie Air"

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